
São cinco e quinze da tarde. Foi isso que respondi para o senhor de cabelos grisalhos, olhos emaranhados e de chapéu esgarçado. Centro do Rio de janeiro, escosto-me num hidrante e OLHO. Observo com o meu ser coberto do sentimento de inveja. Inveja? De quê? Das pessoas e de seus afazeres rotineiramente sacais. Inveja delas caminhando apressadas como se estivessem atrasadas. Atrasadas para chegarem a seus refúgios ou suas cavernas de esperança (acreditando que um dia essa correria acabará). Tenho ciúmes desses que perdem ou ganham a vida presas dez horas do seu dia numa masmorra de tédio, situada num tal Avenida composta por um rio com águas brancas.
Eu quero apenas SER! Por enquanto não sou nada, apenas corpo vazio encostado no hidrante.
Na minha busca para ir além do ser, acabei simplesmente não sendo. Poucos foram os que vi SEM um sorriso colado no rosto. A velocidade desses seres eram contantemente acelerada. Eram interrompidos apenas pelo semáforo com a lanterna vermelha. O divertido era que sempre estavam em grupos. Eu, naquela selva de pedra envolvido por cerca de quinze mil pessoas e ainda solitário. Eles, na mesma selva em bandos.
Cadê a minha entrada vip para um grupo de dois?Quando tudo parecia mais calmo, encontro com algo parecido comigo. Um deles não estava em bando. Esse também não mantinha a mesma velocidade. Era calmo, lento, sem vida, NORMAL. [LANTERNA VERMELHA] Parou como todos. Respirou fundo, tirou os seus óculos, colocou a mão em seu rosto e passou a mão em seus cabelos. Sempre com a cabeça negativando tudo. Respirou mais uma vez [LANTERNA VERDE] Ele se foi. E algo ficou: a nossa EMPATIA. Os sintomas eram os mesmos. A diferença era que eu estava no hidrante e ele na lanterna de trânsito. Se trocássemos de lugares... Garanto que andaríamos em bando, eu na vida dele e ele na minha. São oito e quinze da noite. Cidade vazia!
Gosto! =]
[bem vindo aos meus favoritos] rs