Ando pela sala sem saber qual destino pegar. Buracos nascem no meio do chão, exatamente trinta centímetros a esquerda do carpete avermelhado com flocos brancos de papel, que a essa altura estão pretos-cinza-sola-de-sapato-velho, rasgados por mim sem nenhuma intenção prevista. Meu corpo itinerante segue o rumo do “no sense”. Ele diz para continuar a trilha perigosa do sem sentido, entretanto sei exatamente que não tenho destino certo para ir.

Cheguei a decorar de có e salteado todos os caminhos desta casa, cada cômodo vazio entulhado de móveis coloniais. O microondas é o único Guia a me escutar e a tagarelar comigo mesmo sobre o destino a que chegar. Com o tempo me canso dessa longa e monótona caminhada rumo ao nada. Se duvidar percorri Paris, Argélia e até Shangri-La.
O bom é que ele, o microondas, instaura um aroma renovadamente delicioso nesse lugar. É uma confusão de placas, rotas e temperos. “Tranquila” menina o seu tempero é inconfundível não irei lhe trocar, pois o seu cheiro e gosto foram temporizados em minha memória social feliz. Tem pessoas que ficam satisfeitas em laranjeiras quando pega o elevador. EU NÃO! Meu amor eu não me engano, sei do que há de melhor no mundo. E é o seu cheiro de receita secreta que alcanço todos os dias futuros, depois de lutar com escadas e morros a cima sem precisar de elevador... (dois apitos contínuos e pausados) Comida pronta! Tudo no ponto. Talheres, pratos, copos, guardanapos, suco de limão, lasanha e você que não está aqui. Caminhando novamente sem saber onde vai dar, porém admito saber o porquê da inquietude trotadesca: Seu corpo ainda não ta junto do meu.
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